A bebida que é reconhecida como patrimônio cultural do Maranhão.
A Tiquira é uma bebida típica do Maranhão, no Nordeste do Brasil, feita a partir da mandioca, também conhecida como aipim em nosso país. É um destilado com teor alcoólico entre 18% e 54%, dependendo da marca e do processo de produção. A bebida é engarrafada em garrafas decoradas artesanalmente com palha de buriti, uma palmeira nativa da região.
Esse Spirit é consumido principalmente em festas e eventos culturais no Maranhão, servida em pequenos copos de vidro ou em cuia de cabaça, pura ou em coquetéis com suco de frutas, como limão e maracujá. (Saiba o que são Spirits)
A história da Tiquira remonta aos povos indígenas que habitavam a região no passado, que já produziam bebidas alcoólicas a partir da mandioca. Atualmente, a fabricação da Tiquira é regulamentada pelo Ministério da Agricultura e tem se popularizado em outros estados brasileiros.
A Tiquira é feita a partir da fermentação e destilação da mandioca, que é amplamente cultivada na região do Maranhão. O processo de produção é dividido em várias etapas:
- Moagem da mandioca: a mandioca é descascada, ralada e triturada em um moinho de pedra, formando uma massa conhecida como “mingau”.
- Fermentação: a massa de mandioca é adicionada com água e deixada fermentar por cerca de 2 a 3 dias, geralmente em um recipiente de madeira.
- Destilação: após a fermentação, o líquido é destilado em alambiques de cobre, produzindo uma bebida alcoólica transparente, a Tiquira.
- Envelhecimento: algumas marcas de Tiquira são envelhecidas em tonéis de carvalho, conferindo-lhes um sabor mais suave e amadeirado.
Ao longo dos anos, algumas modificações foram feitas no processo de produção da Tiquira para aprimorar sua qualidade e garantir a segurança alimentar. No entanto, o processo básico permanece o mesmo, mantendo as características únicas dessa bebida tradicional da culinária do Maranhão.
A mandioca foi um dos alimentos mais importantes dos povos indígenas, pela sua resistência e fartura em todos os tipos de solo. Enquanto os homens se empenhavam na busca da carne (caça), as mulheres eram responsáveis pelos cuidados da tribo, filhos e preparação da tiquira.
Antes dos europeus chegarem ao Brasil, os índios não dispunham de conhecimento e tão pouco de equipamentos e apenas produziam bebidas fermentadas. Atualmente, mantendo o máximo da produção original, a Tiquira passou a ser bebida destilada. (Descubra aqui quem inventou a bebida destilada)
Duas vertentes podem explicar seu nome como a palavra nheengatu que significa “destilado obtido por pingos, através do beiju de mandioca fermentada” e a derivação da língua indígena tupi, “a gota”, por fazer referência ao gotejar do líquido durante a destilação.
Há uma lenda regional tão forte que está entranhada na cultura popular do Maranhão, que diz que após tomar três ou quatro doses de Tiquira, as pessoas não deveriam tomar banho ou molhar as cabeças, pois correm o perigo de morrerem ou ficarem “aluadas” ou seja, ruins da cabeça (débil).
Sua cor típica é natural, proveniente da adição de folhas de tanja, (tangerina), que conferem uma coloração roxa/rosa/azulada.
A produção e o consumo da Tiquira podem apresentar alguns riscos à saúde se não forem realizados de maneira adequada. Aqui estão alguns dos principais riscos associados:
Contaminação microbiológica: durante o processo de fermentação, a Tiquira pode ser contaminada por microrganismos patogênicos, como bactérias e fungos, que podem causar doenças. Por isso, é importante manter a higiene adequada nas instalações e equipamentos usados na produção.
Uso indevido de aditivos: para melhorar o sabor e a cor da Tiquira, alguns produtores podem adicionar ingredientes não autorizados, como caramelo e açúcar. Esses aditivos podem ser prejudiciais à saúde se consumidos em excesso.
Consumo excessivo de álcool: a Tiquira é uma bebida alcoólica e o seu consumo excessivo pode levar a problemas de saúde, como dependência, cirrose hepática e doenças cardiovasculares.
Riscos de intoxicação aguda: em alguns casos, o consumo de Tiquira adulterada ou falsificada pode levar a sintomas graves de intoxicação aguda, como náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e convulsões. Por isso, é importante adquirir a Tiquira de fontes confiáveis e evitar o consumo de produtos de origem desconhecida ou duvidosa.
Portanto, é necessário estar atento à qualidade da Tiquira que se consome e verificar se ela foi produzida de acordo com as normas de segurança alimentar estabelecidas pelas autoridades competentes.
Apesar da importância cultural, a tiquira infelizmente, como a grande maioria dos costumes indígenas, vem desaparecendo pouco a pouco e atualmente restam apenas por volta de cinco a sete municípios que produzem esta bebida.
Aqui estão algumas opções de coquetéis que podemos preparar com a Tiquira e, assim, fortalecermos sua importância no cenário da coquetelaria brasileira:
Tiquirinha: misture Tiquira, suco de limão e açúcar em uma coqueteleira com muito gelo. Agite bem e sirva em um copo decorado com uma fatia de limão.
Tiquira Sour: em uma coqueteleira, misture Tiquira, suco de limão, açúcar e clara de ovo. Agite bem e sirva em um copo baixo com gelo e uma pitada de canela.
Tiquira Mojito: amasse algumas folhas de hortelã em um copo longo. Adicione Tiquira, suco de limão, açúcar e muito gelo. Complete com água com gás e misture bem.
Tiquira Margarita: misture Tiquira, suco de limão e licor de laranja em uma coqueteleira com gelo. Sirva em um copo com uma borda salgada.
Tiquira Caipirinha: em um copo baixo, amasse limão e açúcar. Adicione Tiquira e gelo e misture bem. Sirva com uma rodela de limão e uma pitada de açúcar por cima.
Lembre-se sempre de consumir bebidas alcoólicas com moderação e nunca dirigir após o consumo.