Conheça a cerveja que vem conquistando o paladar dos brasileiros.
A cerveja é uma bebida milenar, cujos primeiros registros datam de 6.000AC. Graças à Lei da Pureza da Cerveja Alemã (Reinheitsgebot), criada em 1516 pelo Rei Guilherme IV da Baviera, a composição clássica da bebida é água, cevada maltada, lúpulo e levedura. Porém, muito antes da cevada, egípcios e sumérios já usavam o trigo na fabricação de suas bebidas fermentadas, mas foi apenas no século 15 que a cerveja de trigo como conhecemos hoje começou a ser fabricada na Alemanha.
A família Degenberger, uma linhagem de nobres tradicionais alemães, detinha o monopólio da receita da cerveja de trigo, sendo portanto os únicos a fabricá-la. Já no final do século 16, os duques da Baviera assumiram o controle da produção e ajudaram a popularizar o estilo pelo país. Foi nessa época que a cerveja de trigo alemã passou a ser chamada de Weissbier, que significa “cerveja branca”.
Após os anos de 1700, a fabricação teve uma queda devido ao surgimento de outros tipos de bebidas na Alemanha, voltando à fama após a Segunda Guerra Mundial, quando passou também a ser produzida nos Estados Unidos.
A partir de 1993, a Reinheitsgebot foi revista e o malte de trigo passou a ser abarcado pela Lei.
A cerveja de trigo alemã tem características bem distintas das cervejas tradicionais feitas de cevada. Além da óbvia troca do principal cereal maltado de sua composição, elas não costumam passar pelo processo de filtragem (embora hajam exceções), o que dá a elas o característico aspecto turvo e esbranquiçado, sendo essa a origem do seu nome, como citado anteriormente. Outras características são o aroma de banana e cravo, derivado da levedura; baixo teor de lúpulo; sua cor varia do dourado ao âmbar e sua espuma é densa, volumosa e bem branca.
Tão antiga quanto a escola Alemã, a escola Belga também deu origem a um outro tipo de cerveja de trigo, bem diferente da fabricada no país vizinho. Conhecida como Witbier ou Belgian White, esse estilo foi praticamente extinto por volta de 1950 com o boom das cervejas tipo Lager, sendo revitalizado em 1965, graças a um leiteiro chamado Pierri Celis, que abriu uma cervejaria em seu vilarejo, voltando a produzir a típica cerveja de trigo belga, que rapidamente voltou a cair no gosto popular.
Diferente da sua prima alemã, a Witbier é feita, majoritariamente, de trigo não maltado, o que confere a ela um sabor mais leve. Além disso, ela possui alta carbonatação, tornando-a refrescante, ideal para ser consumida nos dias quentes. Outra diferença, é que como a escola belga não segue as regras da Reinheitsgebot, as Witbier são cervejas que possuem adição de especiarias e condimentos em suas receitas, os mais tradicionais sendo as cascas de laranja e sementes de coentro. Ela também não costuma ser filtrada, mas sua coloração é mais clara, variando entre o amarelo palha e o dourado claro, e sua espuma é densa, porém menos volumosa.
No geral, as cervejas de trigo agradam aos paladares que não apreciam o sabor amargo do lúpulo, preferindo cervejas mais leves, refrescantes, bastante aromáticas e com sabores mais frutados. Para quem está começando a ingressar no mundo das cervejas artesanais, são excelentes portas de entrada.
Elas harmonizam muito bem com saladas, aves, peixes e frutos do mar.
No Brasil, já existe a produção de alguns rótulos, que embora sigam às escolas tradicionais alemã e belga, dão aquele “jeitinho brasileiro”, trazendo diferenciais como a adição de produtos típicos como a rapadura ou de frutas regionais como o cajá ou ainda, a troca da laranja por tangerina, além de especiarias como o capim limão. Como exemplos de rótulos nacionais temos a Colorado Appia (Ribeirão Preto/SP), Campinas American Wheat (Campinas/SP), Cerveja Tupiniquim Weiss (Porto Alegre/RS) e Ditriguis (Brassaria Ampolis).
Agora que você já sabe mais sobre as cervejas de trigo, pode inclui-las no cardápio do seu bar. Muita gente vai gostar!