Casa Marambaia revive magia dos bares de hotéis.
Não é errado afirmar que a coquetelaria nasceu nos hotéis. Inclusive, reza a lenda que o termo cocktail foi criado em uma hospedaria, mais precisamente no estado de Washington, nos EUA, pela dona chamada Catherine Hustler.
Em meados do século XIX, Catherine servia para seus hóspedes uma bebida feita com uma mistura de ingredientes alcóolicos e não alcóolicos que batizou com o nome de cocktail, talvez, porque tivesse um rabo de galo ornamentando.
Desde então, hotéis sempre tiveram bons bares e neles trabalharam alguns dos maiores bartenders da história criando receitas exclusivas para atender seus clientes VIPs. Um desses grandes mestres foi Harry Craddock, headbartender do lendário American Bar do hotel Savoy em Londres no início do século XX.
A tradição de hotéis terem bons bares foi desaparecendo aos poucos. A maioria dos hotéis hoje em dia tem um bar apenas decorativo com um bartender muitas vezes improvisado. Mas, em Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, encontramos um oásis.
Precisamente, no distrito de Corrêas, fica a Casa Marambaia, uma construção histórica que virou um hotel sofisticado, onde você vai encontrar um bom bar como nos velhos tempos.
Descobrimos a Casa Marambaia por acaso, procurando um lugar para almoçar na serra que tivesse uma bela paisagem como complemento. Foi realmente um achado que merece figurar em nosso blog.
O local é lindo com uma paisagem exuberante. O bar fica posicionado discretamente no fundo de um salão bem decorado com uma mesa de sinuca e uma grande porta de vidro para o jardim. São poucos bancos, mas dá vontade de sentar e pedir um drink. Então, foi exatamente isso que fizemos.
A experiência não começou muito bem. Sentamos apenas nós no balcão e os bartenders não nos deram qualquer atenção. Isso é um erro grave. Mesmo que estejam fazendo alguma outra coisa, Bartenders devem olhar e saudar os clientes que sentam no balcão. Isso demonstra acolhimento, que é um dos princípios básicos do bar.
Por um momento, pensamos até em levantar e ir embora, mas a primeira impressão foi desfeita logo em seguida. Pedimos um Boulevardier e fomos bem atendidos. A princípio, o bartender começou a prepará-lo com vermute branco, mas logo viu que pegou a garrafa errada e corrigiu o erro mostrando conhecimento sobre o que estava fazendo.
Eram dois bartenders no atendimento e em pouco tempo estávamos batendo papo com eles. É uma estupidez gerentes que reclamam quando bartenders conversam com clientes. Eles estão atrás do balcão exatamente para isso.
Comentamos sobre o coquetel e sobre as variações do Negroni. Então, um deles me disse que era mineiro, mas apesar de ter nascido no estado brasileiro mais famoso em matéria de cachaça, disse que não gostava muito do nosso destilado nacional.
Ele me mostrou os bons rótulos que tinha na prateleira, todos premium. A carta tinha poucas opções, mas os grandes clássicos estavam lá e o melhor, tudo feito com ótimas bebidas por bartenders qualificados. Então, depois de beber um delicioso Boulevardier e conversar um pouco com os bartenders, sentamos no restaurante para almoçar.
A experiência foi ótima e apesar da sofisticação do local, os preços não são caros. Pagamos por um Boulevardier de alto padrão, pouco mais de R$ 30,00. Você vai encontrar, infelizmente, muitos hotéis cobrando o mesmo valor para preparar um coquetel muito inferior feito com destilados mais baratos por bartenders quem nem sabem direito o que estão fazendo.
Ficamos felizes com a experiência e, principalmente, por encontrar de volta a tradição dos bons bares em hotéis. Então, incluímos o bar da Casa Marambaia na lista dos nossos bares incríveis. Vale a pena visitar. Parabéns à chefe do bar, ao bartender Rafael e seu colega que nos atendeu super bem.