O lendário spirit cercado de fantasias e histórias.
A origem precisa do absinto é pouco clara. O uso médico da planta homônima já existia no Egito antigo, e é mencionada no papiro Ebers (c. 1550 a.C.). Extratos da planta e folhas embebidas em vinho eram usados como remédio pelos antigos gregos. Existe evidência de um vinho na Grécia antiga que era aromatizado com a planta e recebia o nome absinthites oinos.
Temos registros da utilização do absinto (artemisia absinthium) no século XV na Grécia Antiga como medicamento e também numa bebida atestada pela obra De rerum natura, de Lucrécio, que diz que uma bebida contendo a planta absinto é servida como remédio a uma criança, adoçada na borda com mel para a tornar palatável e a palavra “absinto” deriva do termo latino absinthium, que por sua vez deriva do termo grego ἀψίνθιον, apsínthionseu que significa intragável.
O absinto é um destilado à base de anis e outras ervas, como losna e funcho. Sua utilização foi primeiramente como remédio por Pierre Ordinaire , médico francês residente em Couvet, na Suíça, por volta de 1792 que se encarregou da mescla de ervas como erva-doce e o extrato do anis para suavizar o amargor. Na Belle Époque tornou-se a bebida da moda.
Possui elevado teor alcoólico, entre 45–74%, cor natural verde pálido – coloração obtida através da clorofila das ervas – mas também pode ser transparente e se envelhecido, castanho claro. Algumas vezes, é comercializado como licor/ extrato, mas tradicionalmente não é engarrafado com açúcar adicionado, portanto é classificado como um destilado.
Muito popular na França, sobretudo pela ligação aos artistas parisienses de finais do século XIX e princípios do século XX, até a sua proibição em 1915 nos Estados Unidos e em grande parte da Europa, como na própria França, Países Baixos, Bélgica, Suíça e Áustria-Hungria.
Um escritor atual defende que essa tendência era estimulada por denúncias fabricadas e campanhas de difamação, orquestradas pelo movimento da temperança e pela indústria do vinho. Um crítico certa vez disse:
“O absinto te enlouquece e te torna um criminoso, provoca epilepsia e tuberculose, e matou milhares de franceses. Ele torna o homem uma besta feroz, a mulher uma mártir, e a criança uma degenerada, desorganiza e arruína a família, e ameaça o futuro do país. “
Barnaby, Conrad III (1988). Absinthe History in a Bottle. [S.l.]: Chronicle Books. 116 páginas.
Embora não estivesse provado que ela era mais prejudicial que qualquer outra bebida destilada além dos males causados à saúde, o absinto foi acusado de ser responsável pelo aumento da criminalidade passando a ser associado a crimes violentos e desordem social. Estudos recentes demonstraram que as propriedades psicoativas do absinto (à parte os efeitos do álcool) foram exageradas.
É também conhecido popularmente por fada verde (la fée verte) em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Arthur Rimbaud, Van Gogh, Oscar Wild, Henri de Toulouse-Lautrec, Edgar Allan Poe, Aleister Crowley, Ernest Hemingway, James Joyce, Amadeo Modigliani, Pablo Picasso, Marcel Proust, Erik Satie, Lord Byron e Alfred Jarry foram adeptos apreciadores deste Spirit.
A bebida ficou muito ligada a França por se tornar popular entre os soldados franceses que conheceram a bebida em missões no norte da África como um preventivo para a malária e trouxeram a novidade para os cafés de Paris, se tornando tão popular em bares, cafés e bistrôs na década de 1860 que as cinco horas da tarde passou a ser chamada de “hora verde”. Ela era classificada de três formas: Absinthe Suisse cuja graduação alcoólica variava de 68-72%, Demi-fine de 50-68% e Ordinaire que variava entre 45-50%.
Na década de 1990, começou um renascer do absinto, seguindo as novas leis da União Europeia sobre bebida e alimento que removeram antigas barreiras à sua produção e venda. No início do século XXI, quase duzentas marcas de absinto estavam sendo produzidas em uma dúzia de países, notavelmente na França, Áustria, Alemanha, Países Baixos, Espanha e República Tcheca.
O composto químico Tujona, que está presente na bebida em quantidades residuais, atualmente é apresentado como uma droga psicoativa e alucinógena de alto poder viciante e foi responsabilizado pelos efeitos nocivos da bebida.
Algumas marcas atuais franco-suíças são engarrafadas a uma graduação de 83% ABV, enquanto outras marcas misturado a frio de estilo boêmio chegam a ser engarrafados a 90% ABV.
A maioria dos países não tem uma definição legal do absinto, enquanto o método de produção e o conteúdo de bebidas destiladas como whisky, brandy e gim são globalmente definidos e regulados. Consequentemente, os produtores estão livres para fabricar a bebida sem qualquer padrão legal de qualidade.
Os produtores de legítimo absinto empregam um entre dois processos historicamente definidos: destilação ou mistura fria. No único país (Suíça) que possui uma definição legal do absinto, a destilação é o único método permitido de produção.
Em 1999, a bebida chegou ao Brasil pelo empresário Lalo Zanini. Foi legalizada no mesmo ano, porém teve de adaptar-se à lei brasileira, com teor alcoólico máximo de 54°GL de acordo com a norma do Art. 12, inciso II do Decreto 6 871/2009, não podendo atingir a elevada graduação das versões comercializadas na Europa, as quais comumente superam os 70% de álcool em sua composição.
Muitos coquetéis clássicos reconhecidos pela IBA (International Bartenders Association) como o Bees Kness, Monkey Gland e Tuxedo por exemplo, possuem absinto em suas composições.
(Clique aqui e conheça a lista dos coquetéis que todo bartender deve conhecer)