Saiba as diferenças entre as aguardentes de cana.
Escrito por Marcelo Reis*
Aguardente é qualquer bebida destilada produzida a partir da fermentação de vegetais doces. É um Spirit (clique aqui para saber o que é um Spirit). O nome vem de acqua ardentes que significa água de fogo. Portanto, de forma genérica, toda bebida fermentada e depois destilada pode ser chamada de aguardente.
Cada país tem sua aguardente típica. A aguardente da França é o Cognac, feito de uvas. A aguardente da Escócia é o whisky (quer saber mais sobre whisky, cique aqui), feito de cereais. Dos países andinos, o Pisco, feito também de uvas. A aguardadente do Brasil é a cachaça, feita de cana. Mas, a cana também pode dar origem a outras aguardentes, como o Rum, produzido no Caribe.
A cachaça, portanto, é uma bebida oficialmente brasileira. Só pode ser chamada de cachaça a aguardente de cana produzida aqui. Mas, existem outras diferenças e exigências para que a bebida possa ter esse nome. A principal delas é o teor alcóolico.
O que pode ser chamado de cachaça?
Para ser classificada como cachaça, a aguardente de cana precisa ter teor alcóolico entre 38% e 48%. Se não estiver dentro desse padrão, não poderá ser chamada de cachaça. As aguardentes de cana podem atingir teor alcóolico de até 54%. Por isso, nem toda aguardente de cana no Brasil é cachaça.
Outra exigência é a pureza. Para ser cachaça não pode ter outro elemento misturado. Se tiver mel, rapadura ou qualquer outro componente além da cana, passa a ser uma aguardente composta.
O que é pinga?
As aguardentes de cana produzidas em alambiques (clique aqui para conhecer mais sobre o alambique) recebiam o nome popular de pinga. Ao aquecer a bebida original fermentada ela vai virando vapor. Esse vapor passa por uma tubulação de cobre até chegar em um recipiente com água fria onde é resfriado. O vapor condensa e começa a pigar em um recipiente. Assim nasce a aguardente e por isso recebia o nome de pinga.
Mas, existe uma lenda para justificar o nome popular. Conta a história que após a colheita, a moagem e fervura do caldo de cana, ele evaporava nos galpões dos engenhos, subia até o teto e condensava, pingando nas costas dos escravos.
Mas, independente da história, o fato é que pinga passou a ser usada como uma forma alternativa vulgar de se chamar a aguardente de cana. Reza outra lenda que, na época da colonização, os portugueses, incomodados com a popularização da bebida por aqui, restringiram o seu comércio. Dessa forma, os brasileiros passaram a usar outros nomes para se referirem a sua bebida tradicional e pinga passou a ser uma dessas formas.
Então, a chachaça, por muito tempo, ficou associada como uma bebida do povão e de baixa qualidade. Mas, hoje a realidade é outra. A cachaça é um produto de exportação extremamente valorizado no exterior. A sua produção pode ser cuidadosa e conferir ao produto qualidade e sofisticação.
Os tipos de cachaça
A cachaça pode ser envelhecida ou não e, uma das coisas que confere a cachaça uma riqueza enorme é que ela pode ser envelhecida em barris de várias madeiras. Dessa forma ela ganha uma variedade enorme de tipos de sabores.
No caso das misturas, elas podem receber acréscimo de vários produtos típicos brasileiros. São comuns as cachaças com rapadura, mel, jambu, canela e muitos outros ingredientes entre frutas e especiarias. A cachaça é a base do drink mais famosos do Brasil, a caipirinha, mas também de muitos outros, entre eles, o lendário Rabo de Galo. Também é usada como base para licores.
Confira aqui seis receitas de drinks com cachaça.
Veja a seguir uma vídeo-aula sobre a diferença entre cachaça e aguardente de cana.