Conheça melhor a bebida alcóolica mais famosa do mundo.
Escrito por Marcelo Reis*
Não se sabe ao certo qual bebida alcoólica os seres humanos começaram a produzir primeiro, mas o vinho, certamente, foi uma delas e se tornou uma das mais importantes. O vinho está presente na história das civilizações. Faz parte de rituais e celebrações. Está presente na missa, no Velho Testamento e no Novo. Já teve até um Deus específico na antiga Grécia, Dionísio, que foi adotado pelos romanos passando a se chamar Baco.
A origem do vinho acontece quase que simultaneamente com a origem da civilização, quando as tribos humanas deixaram de ser nômades para se estabelecerem em locais fixos. Nesse momento da evolução, os seres humanos passaram a cultivar a terra e fazer plantações. Entre as frutas plantadas, estavam as uvas. A uva é uma fruta doce e gostosa que tem uma característica muito especial: fermentar espontaneamente e com facilidade. Assim, estava dado o primeiro passo para a descoberta do vinho.
Como nasce o vinho?
O vinho nunca foi inventado, mas descoberto. Ele nasce através do processo de fermentação. Um suco de uva pode se transformar em vinho de forma fácil e espontânea e foi isso que aconteceu há milhares de anos atrás. Outras frutas que fermentam com facilidade são as maçãs e as tâmaras. Essas foram as primeiras frutas a darem origem a bebidas alcoólicas há mais de 8 mil anos que, de forma genérica, passaram a ser chamadas de vinhos. Portanto, não existe vinho apenas de uva, mas também de outras frutas. O vinho, na verdade, é o nome técnico de toda bebida alcoólica obtida através do resultado da fermentação de uma fruta.
Existe uma lenda persa que conta sobre a descoberta do vinho. Reza a lenda que uma princesa havia sido rejeitada pelo seu Rei. De tão triste ela decidiu se envenenar tomando um suco estragado de uva. A princesa bebeu e não morreu. Ela se tornou mais alegre, feliz e assim reconquistou o seu lugar junto ao Rei novamente. Se a história é verdadeira ou não, impossível saber, mas o fato é que o ser humano descobriu que um suco de uva estragado não fazia mal, se transformava em uma bebida especial que passou a chamar de vinho.
A produção de vinho consiste basicamente em controlar as condições para que a fermentação espontânea possa acontecer e identificar seu ponto certo antes que o suco vire vinagre. Os seres humanos adquiriram esse conhecimento há mais de cinco mil anos. Povos, como os sumérios e os babilônios, produziam a bebida que chegou no Egito, onde começou a ser aprimorada há mais de 1 mil anos antes de Cristo.
Tudo começa com a prensagem das uvas. A primeira prensagem era chamada pisada e consistia exatamente em pisar as uvas em grandes tinas para extrair o suco. Depois, era feita uma segunda prensagem espremendo os bagaços com a ajuda de um pano de linho para filtrar. O suco das uvas que vai ser fermentado recebe o nome de mosto.
Os egípcios faziam vinhos leves, deixando fermentar por pouco tempo, e vinhos mais fortes, que fermentavam por semanas. Depois de fermentados eram armazenados em ânforas. O vinho era a bebida das classes dominantes e dos Faraós, que levavam grandes quantidades para suas tumbas.
Mas, foi na Grécia onde a cultura do vinho realmente começou a se desenvolver a partir de 500 anos antes de Cristo. Os gregos foram os primeiros a identificar os tipos de uvas e armazenar o vinho em ânforas com resina de madeira, dando origem ao processo complementar de envelhecimento do vinho.
Quando os romanos dominaram a Grécia no ano de 146 antes de Cristo, adotaram o vinho e desenvolveram sua cultura ainda mais. Foram os romanos que iniciaram o envelhecimento em barris de carvalho, catalogaram diversos tipos de uva e espalharam o vinho pela Europa.
Um dos principais locais para onde os romanos levaram as uvas foi para a região onde hoje é a França. Lá, duas regiões específicas se tornaram emblemáticas na produção da bebida, a região de Borgonha e de Bordeaux. Foi na França também, na Idade Média, que um monge chamado Don Perignon começou a produzir em outra região importante chamada Champagne, um tipo de vinho engarrafado com gás dando origem aos vinhos espumantes.
Após a Idade Média, durante o período dos grandes descobrimentos e da colonização, as uvas foram levadas para a América, África e Austrália. As uvas plantadas fora da Europa foram responsáveis por salvar o vinho quando uma praga praticamente acabou com as plantações do continente no século XIX.
Hoje, a produção do vinho evoluiu muito em relação ao que era, mas, a base do seu processo continua inalterada, dependendo 100% da natureza, do clima e de solos apropriados para o cultivo e colheita de boas uvas.
Os tipos de vinhos
Basicamente existem 5 tipos de vinhos:
- Tintos – produzidos a partir de uvas tintas prensadas e fermentadas com a casca. A casca é o que dá a cor escura e também confere ao vinho substâncias importantes como os taninos. Pode-se dizer então que a diferença mais significativa do vinho tinto para o vinho branco é a presença da casca durante a fermentação.
- Brancos – podem ser produzidos a partir de uvas tintas ou brancas. A cor da bebida se mantém clara porque as cascas são retiradas após a prensagem.
- Rosados – são produzidos basicamente de duas formas: deixando o suco (mosto) fermentar com as cascas por um tempo até se obter o tom rosado, ou misturar um vinho tinto com branco.
- Espumantes – vinhos que fermentam uma segunda vez após serem engarrafados (método champenoise) ou condicionados nos tonéis (método Charmat) produzindo gás durante o processo.
- Fortificados – vinhos com teor alcóolico mais elevado, obtidos acrescentando-se algum destilado à bebida. Esses vinhos são mais doces e têm durabilidade maior. O mais conhecido é o vinho do Porto.
E o vinho verde?
Com certeza você já deve ter ouvido falar do vinho verde. Pois o vinho verde não tem nenhuma relação com a cor da bebida, ou método de produção, mas com a região na qual as videiras são plantadas. Os vinhos verdes são uma bebida de origem controlada (AOC) produzidos em Portugal, em plantações nas colinas, daí o nome verde, por causa da cor da paisagem.
Os tipos de uvas
Os vinhos podem ser feitos de vários tipos de uvas. Neste caso, não se trata da cor, mas da espécie da uva. Alguns exemplos de uvas são Cabernet, Malbec, Shiraz, entre outras. As diferentes variedades produzem vinhos classificados de duas formas:
- Varietal – Feito com um único tipo de uva ou com predominância de uma uva.
- Vinhos de corte, blend ou assemblage – Feitos com dois ou mais tipos de uvas.
Classificação pelo teor de açúcar
- Doce ou suave – Neste tipo de vinho a fermentação não acontece completamente e o açúcar das uvas não é totalmente transformado em álcool. Mas, também pode ser produzido acrescentando-se o açúcar de forma intencional. Vinhos com mais quantidade de açúcar são normalmente considerados inferiores em qualidade e apreciados principalmente por quem está começando a beber.
- Seco – Vinho em que não há presença de açúcar. Durante o processo de vinificação, especificamente durante a fermentação, todo o açúcar, ou pelo menos a maior parte dele, é transformada em álcool, fazendo com que o teor residual de açúcar seja baixo e praticamente imperceptível ao paladar.
Classificação pelo tipo de videiras
- Vinhos finos – considerados os vinhos de mais qualidade feitos com uvas de videiras do tipo vitis viniferas.
- Vinhos de mesa – feitos com uvas de outras videiras, chamadas uvas de mesa.
A seguir veja um vídeo explicando de forma ilustrada toda a história e tipos de vinhos.
Para comlementar seus estudos assista o vídeo sobre a diferença entre vinho fino e vinho de mesa.